Pinacoteca exibe "Mulheres Radicais" e resgata arte latino americana

No dia 18 de agosto a Pinacoteca de São Paulo abriu suas portas ao público para conferir a exposição “Mulheres Radicais”, responsável por resgatar a produção de artistas latino-americanas entre as décadas de 1960 e 1980. Sob curadoria da historiadora de arte Cecília Fajardo-Hill e da pesquisadora ítalo-argentina, Andrea Giunta. Esta é a primeira vez na história que os espectadores terão acesso ao mapeamento das práticas artísticas experimentais feitas por mulheres inseridas naqueles contextos. Já tendo passado por Los Angeles e Nova York, o Brasil será o último a abrigar o evento com colaboração de Valéria Piccoli, curadora chefe da Pinacoteca. Em entrevista ao Estadão, Giunta explica: “Começamos com o plano de falar sobre o pós-guerra, mas tínhamos mais de 400 artistas, então decidimos focar num tema principal”. Totalizando 120 artistas vindas de 15 países e reunindo mais de 280 trabalhos em fotografia, vídeo e pintura realizados entre 1960 e 1985, o tema principal é o corpo das mulheres, que tonaram-se afirmações políticas num período em que lutavam por seus direitos enquanto diversos países latinos enfrentavam repressão. Cecília Fajardo-Hill completa: “Decidimos focar no corpo, mas não cronologicamente, queríamos encontrar preocupações em comum”. Tais artistas saltaram da noção do corpo como campo político e focaram em investigações radicais e poéticas a fim de desafiarem a atmosfera política e social de uma era marcada pelo poder patriarcal (USA) e ditadura. Com exclusividade, mais cinco obras marcam presença na Pinacoteca:

1) Série Cotidiano, de Wilma Martins (1972-1982), artista mineira cujo talento foi usado muito além das artes plásticas. Wilma diagramou jornais e revistas, ilustrou livros infantis e fez figurinos para o Balé Klauss Vianna.Pinacoteca exibe "Mulheres Radicais" e resgata arte latino americana

2) Yohn Lennon, de María Eugenia Chellet (1968), mexicana que se representa aqui como John Lennon. O título de sua obra é uma mistura entre ‘yo’ (eu, em espanhol) e John. Chellet foca no autorretrato e seu trabalho explora como as mulheres, ao longo da história da arte e na cultura popular foram celebradas, fetichizadas ou estereotipadas.Pinacoteca exibe "Mulheres Radicais" e resgata arte latino americana

3) Arqueologia do Desejo – ventre, de Nelly Gutmacher (1982), artista carioca que faz experimentações com cerâmica moldando partes do corpo, criando corpos imperfeitos com suas marcas e cicatrizes.Pinacoteca exibe "Mulheres Radicais" e resgata arte latino americana

4) Sem título, de Maria do Carmo Secco (1967), que integra a coleção da Pinacoteca. “Com sua linguagem bastante pop, Secco expressa a questão do desejo da mulher, que se encaixa na seção da exposição dedicada ao erótico, no sentido da expressão clara do desejo feminino”, diz Valéria em entrevista ao site Nexo.Pinacoteca exibe "Mulheres Radicais" e resgata arte latino americana

5) Pele de bicho, alma de flor (1974), de Yolanda Freyre. Após perder um irmão, vítima da repressão da ditadura militar brasileira, passou a realizar passeatas e intervenções em espaços públicos. Depois, começou a realizar performances em sua própria casa.Pinacoteca exibe "Mulheres Radicais" e resgata arte latino americana

O Brasil será o único país da América Latina a apoiar o evento devido ao elevado custo e pela fragilidade aparente de algumas obras. Confira a programação da exposição que ficará em cartaz até o dia 19 de novembro:

De quarta a segunda-feira, das 10h00 às 17h30

Praça da Luz 2, São Paulo, SP

Ingressos: R$ 6,00 (entrada); R$ 3,00 (meia-entrada para estudantes com carteirinha)

Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento.

Compartilhe essa publicação

Revista Digital Yacamim

Instagram @yacamim