Dia internacional dos povos indígenas

Instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1994, o dia 9 de agosto celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data tem como principal foco conscientizar acerca da inclusão social, dando destaque aos direitos que lhes são garantidos e, na maioria das vezes, são marginalizados ou ignorados da cidadania urbana. É importante ressaltarmos a preservação da cultura tradicional de cada tribo, afirmando assim, suas fontes características de identidade. O resgate de costumes através de atividades interativas, a cultura, dança, caça, artesanato, culinária, línguas, pluralidade religiosa e/ou ideológica, são temas dessa data. Tais atividades tem a proposta de retratar a diversidade étnica focando em aspectos característicos das mais de 230 tribos espalhadas pelo país. Associados erroneamente de forma homogeneizada como pessoas não-civilizadas, selvagens e dificilmente como personagens históricos presentes até no contexto atual, os índios afirmam enxergar-se como grupos que criaram seus universos particulares preservando hábitos e rituais nativos através de grupos como Arawetés, Pataxós, Yanomamis, Kamaiurás, Mundurukus, etc.

Às margens do Rio Xingu, no Pará e norte do Mato Grosso, o povo indígena Mebêngôkre-Kayapó abrigam atualmente cerca de 11 mil pessoas. Rodeados pela floresta e cerrado, os grupos étnicos tem como predominante o tronco linguístico Macro-Jê desde 1500 durante o descobrimento do Brasil e que era usada em regiões não-litorâneas. Ocupantes de áreas impactadas pela pecuária, mineração, agroindústria e projetos hidrelétricos como a Usina de Belo Monte, este povo será tema da exposição do Museu Paranaense Emílio Goeldi, integrando ainda o XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnologia – sabe-se também que a exposição preservará o cunho político, científico e jurídiso do Projeto Kayapó, idealizado na Universidade Federal do Maranhão em 1986, de responsabilidade do biólogo e antropólogo Darrell Posey (1947-2001). Durante o evento, também será debatida política, resistência ao longo dos anos em todo o mundo, costumes e ciência – tudo isso através da narrativa de lendas, memórias, documentos históricos e exibição de peças do acervo etnográfico do Museu Goeldi.

Uma de suas marcas registradas é o artesanato. Sabemos que os índios fazem questão de usarem objetos fabricados por eles mesmos, e, a partir disso, criam peças que atendem suas necessidades cotidianas e servem também para serem comercializados, beneficiando assim, sua economia local. Bolsas, cestos, esteiras, vasos, instrumentos musicais, cocares, utensílios domésticos e esculturas são tidos como verdadeiras obras primas. E o melhor: tudo isso é feito com materiais naturais colhidos nas florestas sem explorarem demasiadamente o meio ambiente. Os Vaurá, por exemplo, elaboram suas próprias roupas extraindo uma tinta preta do suco de jenipapo – árvore de quase vinte metros de altura e derivada da família Rubiaceae, a mesma do café. As vestimentas são produzidas em tempos diferentes de acordo com o clima ou ritos e festivais. Vale lembrar que eles não se vestem de acordo com aspectos morais comuns numa sociedade urbanizada, podendo intercalar então, entre tangas de miçangas ou cushmã (batas). Além do mais, a agricultura indígena faz parte das nossas alimentações diárias: aipim, batata-doce, milho, pimenta, banana, cará, pinhão e açaí brotam de terras cultivadas por eles.

Diante dos principais pontos da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas, destacam-se:

– A inserção dos indígenas na Declaração Internacional dos Direitos Humanos;

– Direito à autodeterminação, de caráter legítimo perante todas as entidades internacionais;

– Os indígenas não podem ser removidos de seus territórios de modo forçado;

– Direito à utilização, educação e divulgação dos seus idiomas próprios;

– Direito à nacionalidade própria;

– Direito de exercer suas crenças espirituais com liberdade;

– Garantia e preservação da integridade física e cultural dos povos indígenas;

– O Estado deve auxiliar as comunidades indígenas a manterem os seus direitos básicos.

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